sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Onde estão os loucos?



Há alguns dias assisti um filme chamado uma janela para lua de 1995 , um filme italiano , o qual me fez refletir sobre varias coisas , mas, antes de escrever sobre tais coisas gostaria de fazer um breve resumo do filme .

O filme conta a historia de um físico chamado Lorenzo que próximo ao seu aniversário de 40 anos volta ao lugar onde nasceu, na Sicilia, sul da Itália após ter vivido muitos anos em uma cidade grande. Completamente envolvido com o futuro ele pesquisa a origem dos buracos negros, quer se desfazer do passado. Porém um dia uma reforma em sua casa se faz necessária com isso ele  conhece Salvadori que irá cuidar da reforma  . A vida de Lorenzo muda completamente com a presença de Salvadori. Um dia ao acordar, descobre que está no meio de uma comunidade terapêutica para doentes mentais, local onde Salvadori mora e ajuda no tratamento pouco convencional desses “internos”, Lorenzo passa a vivencia o dia-a-dia nessa comunidade e a partir daí ocorre toda a trama da história, e muitos conceitos do Físico começam a se desfazer e tomar um rumo diferente.

Basicamente essa é a história, gostaria de compartilhar o que mais me chamou atenção nesse filme, que foram duas cenas, a primeira acontece quando os “doentes mentais” são levados a praia , ao chegar naquele lugar o comportamento deles foi algo no mínimo intenso, eles olhavam um para os outros e riam , enquanto outros corriam pro mar , alguns ainda pegava a areia com as mãos e jogava para o auto , apreciaram cada detalhe daquela praia , desde os pequenos grãos de areia até a imensidão do mar , sem se importar se alguém poderia rir deles ou se o comportamento deles era inadequado para o momento.

O segundo momento do filme que com certeza é um dos momentos gritantes do filme, é quando começa a chover, e os internos estão olhando a chuva pela janela, eles começam a se aproximar cada vez mais das janelas, então um deles vai até a porta, se arrisca a abri-la, coloca a mão para fora para ver do que se tratava e logo não resiste e sai da casa, vai para a chuva os demais internos ao verem isso logo os acompanham e começam a ficar encharcados pela forte chuva, alguns olham pro céu enquanto riem , alguns correm , como se a chuva fosse o fenômeno mais fantástico da terra , como se aquele momento fosse mágico .

Tá, talvez você esteja se perguntando, mas o que tem demais nessas duas cenas? Afinal são só “loucos “ em uma praia ou debaixo da chuva.

Vou dizer o que tem demais nessas duas cenas, tente se lembrar de quando viu o mar pela primeira vez, como foi sua reação? Quis chorar? Quis correr e mergulhar? Não sei qual foi sua reação, mas com certeza ela não se repetiu pela segunda vez que você voltou ao mesmo lugar
Tente se lembrar quando foi a ultima vez que você tomou um banho de chuva, que correu pela chuva, se alegrou com ela ao invés de murmurar.

Eu não sei você, mas eu perdi em algum lugar a maravilhosa experiência de contemplar aquilo que Deus criou muitas vezes olho pra chuva e vejo apenas água caindo do céu, olho pro mar e novamente só consigo ver água, as futilidades do mundo tem tomado o lugar dessas coisas, hoje muitas vezes temos maior admiração por um computador, vídeo-game , carro ou sei lá o que de ultima geração do que pelas coisa que o nosso criador criou , ficamos orar vendo como é maravilhoso nosso computador novo , mas quando chove murmuramos por que nossa internet caiu e não podemos usá-lo , não saímos para rua , não olhos pro céu , não sentimos a chuva cair em nossa face e nem agradecemos a Deus por tudo o que ele criou , vivemos o tempo das novidades , tudo é novo , inclusive o nosso modo de contemplar as obras do criador  , por que não podemos contemplar como as crianças , por que não podemos festejar como os “loucos” do filme ?

Ou será que nós temos confundido quem verdadeiramente é louco nessa historia toda? Que a loucura de contemplar os detalhes banais possa ser impressa em nossas vidas...

4 comentários:

  1. que Deus nos ajude a voltar a simplicidade de uma criança! Adoreei!!

    ResponderExcluir
  2. Ahh que chique!
    Por mais que olho para as estrelas, para as nuvens no céu, para a chuva, para o arco-íris, para a lua, para o mar e até mesmo para um pasto com os bois e as vaquinhas pastando (o que é normal de se ver aqui..rs), as árvores balançando pelo vento e o laranja do pôr-do-sol nas folhas verdes das árvores às tardes........
    Nunca me canso de olhar... É uma sensação tão boa de alegria e de "querer continuar a ver" que até agora nenhum computador, internet, tv, mp4, celular me deram.

    ResponderExcluir
  3. Assisti ao filme e também me identifiquei muito com ambas! Não lembro a primeira vez que vi o mar... era muito pequena, mas me lembrei de como adorava tomar chuva e como não me permito mais o prazer mais simples e perfeito... viver com intensidade! Abraços.

    ResponderExcluir